Thursday, January 12, 2006

Denoto neste senhor perigosos desvios de Esquerda



«Devo à Providência a graça de ser pobre; sem bens que valham, por muitopouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugaresrendosos, riquezas, sustentações.E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão decada dia, não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou emcomprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formarpartido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação eos limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas,diante de quem tantos se curvam no mundo de hoje, em subserviências que sãouma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, seme ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposiçãoda minha consciência de governante, não pelas ligações partidárias oucompromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, umhomem livre.Jamais empregarei o insulto ou a agressão de modo que homens dignos seconsiderassem impossibilitados de colaborar. No exame dos tristes períodosque nos antecederam, esforcei-me sempre por demonstrar como de pouco valiamas qualidades dos homens contra a força implacável dos erros que se viamobrigados a servir. E não é minha a culpa se, passados vinte anos de umaexperiência luminosa eles próprios continuam a apresentar-se comointeiramente responsáveis do anterior descalabro, visto teimarem emproclamar a bondade dos princípios e a sua correcta aplicação à NaçãoPortuguesa. Fui humano.Penso ter ganho, graças a um trabalho sério, os meus graus académicos e odireito a desempenhar as minhas funções universitárias. Obrigado a perder ocontacto com as ciências que cultivava, mas não com os métodos de trabalho,posso dizer que as reencontrei sob o ângulo da sua aplicação prática; efolheando menos os livros, esforcei-me em anos de estudo, de meditação, deacção intensa, por compreender melhor os homens e a vida. Pudeesclarecer-me.Não tenho ambições, não desejo subir mais alto e entendo que no momentooportuno deve outrem vir ocupar o meu lugar, para oferecer ao serviço daNação maior capacidade de trabalho, rasgar novos horizontes e experimentarnovas ideias ou métodos. Não posso envaidecer-me, pois que não realizei tudoo que desejava; mas realizei o suficiente para não poder dizer que falhei naminha missão. Não sinto por isso a amargura dos que merecida ouimerecidamente não viram coroados os seus esforços e maldizem dos homens eda sorte. Nem sequer me lembro de Ter recebido ofensas que em desagravo meinduzam a ser menos justo ou imparcial. Pelo contrário, neste país, onde tãoligeiramente se apreciam e depreciam os homens públicos, gozo do raroprivilégio do respeito geral.Pude servir. »
Salazar

3 Comments:

Blogger O Politicopata said...

LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL!!!!

7:19 AM  
Blogger Sefodeu said...

O Isento fica sem palavras ante este discurso. Ninguém parava este modernaço!!!

10:37 AM  
Blogger Galo Rouco said...

É um discurso de um Senhor Professor, pois então!

11:44 AM  

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