Tuesday, January 31, 2006

As Beiras Denuncia Invasão Estonteante...

CRÓNICA DE HOJE - O ministro “pantufinhas”



As notícias são, finalmente, optimistas. Portugal, segundo o ministro da Economia, garantiu, nas últimas semanas, um pacote de investimentos estrangeiros superior a 6500 milhões de euros, privilegiando, nomeadamente, o turismo, o imobiliário, a montagem de automóveis, as energias renováveis e a biomassa. Mais: desta vez, até a região Centro entra no “bolo”. Montemor–o–Velho vai sediar um projecto tecnológico dos mais sofisticados de sempre no nosso país (uma fábrica de pilhas da multinacional Agni, orçada em 34 milhões de euros e em que empregará, nada mais, nada menos, que meia centena de cientistas), Condeixa–a–Nova prepara–se para marcar o regresso de Portugal à produção de vacinas num complexo industrial em que serão investidos 57 milhões de euros, um grupo de empresários holandeses está empenhado em viabilizar economicamente os Estaleiros Navais do Mondego.

in As Beiras - on line



... Se não fosse a imparcialidade destes jornais que seria do nosso país?... qualquer dia ainda vem aí o M.I.T. fazer um centro tecnológico, não? era o que faltava!!!

Monday, January 30, 2006

MOCIDADE PORTUGUESA



Isto sim, é um moço isento... Este não vedes vós nas Docas ou na 24 de Julho a fumar drogas e a fazer sexo com travestis.

Friday, January 27, 2006

Amigos, isto nao vai la com esse tipo de molezas...

O Isento descobriu este texto quase jacobino-liberaloide num vergonhoso site de esquerdaças salazarentos. Reparai na conversinha da treta típica copinhos de leite:



O DITADOR QUE EXTINGUIU A DITADURA

Uma das grandes preocupações de Salazar, mal ascendeu ao Poder, foi institucionalizar a situação criada pelo 28 de Maio. Era um homem de Direito, queria um Estado de Direito. Daqui o haver sido plebiscitada a Constituição antes de decorrido um ano sobre a sua posse como Presidente do Conselho.

A situação estabelecera forças de que os militares não abdicavam facilmente, em redutos que o estadista acabou por aproveitar, conservando-os embora nas mãos de oficiais do Exército. Tal sucedeu, por exemplo, com a Censura à Imprensa e com as Polícias.

Em todo o caso, ele sustentou durante anos uma luta tenaz pela defesa do poder civil contra a oligarquia militar, da mesma maneira que teve a maior firmeza em defender o poder civil da elite católica a que estivera ligado. A esta, aliás, preveniu-a antes de tomar posse do cargo de ministro das Finanças, com estas palavras que as «Novidades» publicaram no próprio dia 27 de Abril de 1928:
Diga aos católicos que o meu sacrifício me dá o direito de esperar deles que sejam de entre todos os portugueses os primeiros a fazer os sacrifícios que eu lhes peça e os últimos a pedir os favores que eu lhes não posso fazer.

Acerca da forma como Salazar conseguiu refrear a tropa, correu na altura em Lisboa a seguinte graça:
«É o mesmo processo que se emprega para os croquettes: primeiro estende-se a massa; depois corta-se a massa; a seguir enrolam-se. Quando estão prontos, picam-se com um palito e comem-se».
Essa e outras pilhérias do mesmo género eram uma das armas da má-língua nacional a fomentar desde o início o desentendimento entre o ministro das Finanças e as Forças Armadas.
À medida que institucionalizava o regime, Salazar ia fazendo o possível para restituir as Forças Armadas à sua função específica. Não era fácil, dizíamos, porque a muitas das situações criadas só o tempo poderia acudir.

Em 1936, quando começou a guerra de Espanha, os chamados republicanos do país vizinho atravessavam impunemente a nossa fronteira, de armas na mão, para virem fuzilar e fazer prisioneiros em território português. Salazar quis saber de que forças dispúnhamos para impor a nossa autoridade. Se tivéssemos então a mentalidade que foi, perto de quarenta anos mais tarde, a de alguns gloriosos militares, ter-se-ia recorrido a uma solução política, a qual seria por certo agacharmo-nos e deixar os outros fazerem o que quisessem. Salazar torceu-se com a informação: não tínhamos meios para nos defendermos. Assegurou então em conselho de ministros:
- Espero que nunca mais nos aconteça o mesmo.

Começaram aí os esforços maiores para o rearmamento do Exército. E daí também a atitude tomada em face dos acontecimentos que iam arrastar-se na Península.
Não faltaram na altura ao Presidente do Conselho português desentendimentos de alguns países amigos, mas ele foi de uma firmeza que não cedia. Mais tarde viriam a dar-lhe razão os que acabaram por compreender o significado real da guerra de Espanha e sentiram a utilidade da aliança peninsular na zona de paz que as duas nações da Ibéria puderam ser durante a II Grande Guerra.

O homem de Direito, dizíamos, queria um Estado de Direito. Não queria uma ditadura, ele que foi ao depois tão apodado de «ditador», nem deixou nunca de insistir no carácter transitório da situação ditatorial, a que pôs termo.

Plebiscitada a Constituição, começou a elaborar, cautelosamente, entre as dificuldades causadas pelos acontecimentos externos, a par da estruturação, o funcionamento normal das instituições, que as não queria apenas no papel.
Certo, o orgulho não podia deixar de exultar no êxito da sua obra, mas não deixava de se reflectir também na prevenção de que ela resistisse e perdurasse para além da vida do construtor:
Passa breve a memória dos homens na história e na memória dos povos, nem politicamente convém - tanta vez as circunstancias obrigam a sacrificá-la - consubstanciar numa individualidade, por mais alta e poderosa que seja, todo o futuro duma obra colectiva.

Num trabalho, que haveria de ser necessariamente extenso, sobre a evolução do pensamento de Salazar, não poderia deixar de ressaltar, documentada passo a passo, a rectificação constante dos seus conceitos e dos seus métodos. Tinha, é certo, uma linha de acção, logo ao princípio definida - o financeiro, o económico, o social, o político - numa ordem em que se traduzia um pensamento e um programa de realizações, baseados não no critério da excelência senão no da conveniência da execução prática. Num ou noutro ponto haveria concepções limitadas, perspectivas em que o professor de Coimbra não tinha os horizontes (nem as limitações) de um homem de governo, instalado em Lisboa, perante dificuldades que se alargavam a todas as longitudes da Terra. Quem publicou, por exemplo, o Acto Colonial, não pensava da mesma forma que o futuro defensor da unidade imperial portuguesa. Aprendeu muito com alguns dos que o consideravam seu inimigo; e esta verificação, longe de o diminuir, só pode significar homenagem à sua inteligência, à sua maestria na arte da política, às rectas intenções do seu proceder.

Não lhe bastava, contudo, governar bem. Era mister que os actos do governo fossem apreciados publicamente, em estrita objectividade, sem paixões e sem relação com as pessoas dos governantes.
Três meios havia para o conseguir: a Imprensa, a Assembleia Nacional e o Tribunal de Contas.
Quanto à primeira, Salazar não se atreveu nunca, apesar de solicitações que nesse sentido lhe foram apresentadas, a extinguir a censura prévia aos jornais, recebida em herança da Ditadura Militar. Era um dos feudos das Forças Armadas. O outro era a polícia política. Só no tempo de Pedro Teotónio Pereira, ministro da Presidência, a direcção da Censura foi confiada a magistrados de carreira.

Às ofensivas contra a Censura o estadista reagia com a opinião de que ela era mais educativa da forma de convivência política dos portugueses dos diferentes sectores do que repressiva do pensamento. E, uma vez pelo menos, em que falou sobre o assunto com o director de um jornal de grande informação, perguntou-lhe se tinha alguma razão de queixa da Censura, se esta era opressiva como diziam. A resposta foi negativa:
- Nada, nada! Corta uma ou outra coisa sem importância, uma ou outra expressão de pormenor, mas nada que prejudique a vida normal do jornal, nem o esclarecimento da opinião publica...

É de notar que a Censura, por um lado, tranquilizava os directores dos jornais, na medida em que os dispensava em grande parte do controle da matéria a publicar, e por outro era uma entidade à qual com frequência atribuíam as culpas da não publicação de artigos e notícias de cuja existência sequer a Censura ignorava.
Mais do que uma vez, um ou outro autor foi à Censura protestar por ter sido cortada a sua prosa e ouviu a explicação admirada do censor:
- Mas esse artigo não nos foi mandado!

A uma pergunta sobre a Censura, que lhe fizera em entrevista o escritor brasileiro Álvaro Lins, antes de ser embaixador do seu país em Lisboa, Salazar respondeu:
- Enquanto a nossa Imprensa não conseguir criticar o Governo dizendo que determinada decisão está errada por esta, aquela e aqueloutra razão, em vez de se limitar a dizer que o senhor ministro Tal é burro ou é desonesto, parece-me que a Censura continua a ser indispensável.

Em compensação as outras formas de crítica à actividade governativa foram perfeitamente exercidas. Todos os anos a Assembleia Nacional designava uma comissão encarregada de ler e apreciar as contas gerais do Estado. Foi relator dessa comissão durante muitos anos o Engenheiro Araújo Correia, muito conhecido pela sua independência de espírito e pelo seu desassombro. Não poupava ministros nem serviços do Estado, que saíam por vezes mal, feridos pelas apreciações da comissão.
Falando duma vez a respeito do relator, o Presidente do Conselho comentava:
- O sr. Engenheiro Araújo Correia aproveita o exame das contas do Estado, para ajustar as suas contas com alguns ministros.

O terceiro elemento de fiscalização, o Tribunal de Contas, não se continha nas suas exigências de explicações aos serviços e, algumas vezes, determinou que fossem repostas, a qualquer nível de hierarquia burocrática, importâncias pagas fora dos preceitos rígidos da lei. Bons tempos! ...

Na vedoria da administração pública a Assembleia Nacional dispunha, além do exame feito pela comissão, das intervenções dos deputados. Para um governante encerrado no isolamento do se gabinete de trabalho, conhecendo o que se passa cá fora através das informações dos serviços, dos contactos com os ministros, dos relatos dos jornais (tanta vezes feitos sob influências), de carta escritas com frequência pelos interesses e paixões pessoais, e de alguns raros íntimos, as questões apresentadas no parlamento por deputados mais recalcitrante valiam como elemento de conhecimento não despiciendo. Ainda que pudessem desagradar-lhe, o Chefe do Governo considerava-os necessários.

Assim foi que defendeu a presença. na câmara do Prof. Jacinto Ferreira pelo desassombro com que ele apresentava problemas de inegável interesse geral. Aquele deputado, porém, dirigia semanário monárquico «Debate», onde em certa ocasião se publicou, disfarçada, uma censura ao Presidente da República, general Craveiro Lopes, a propósito da visita deste ao Minho. Na lista do deputados elaborada pela União Nacional para as primeiras eleições de deputados que se realizariam a seguir, o nome de Jacinto Ferreira não constava entre os reelegíveis. Salazar repontou:
- Falta aqui o nome daquele rapaz que é professor de Veterinária...
Mário de Figueiredo, que não gostava de Jacinto Ferreira, explicou-lhe:
- Lembras-te de que publicou no «Debate» um ataque ao Chefe do Estado? Apresentá-lo à reeleição pareceria acintoso...
0 Presidente do Conselho torceu-se, mas aceitou. Um dos seus preconceitos era o respeito escrupuloso pela pessoa do Chefe do Estado.

Aconteceu um caso semelhante com Henrique Galvão. Era este um oficial inteligente, bom escritor, aventureiro com inegáveis qualidades de realização mas também com uma fantasia, uma irrequietude, uns excessos e umas faltas, que incomodavam. Nomeado inspector da administração ultramarina, depois de alguns anos de trabalho no Ultramar, acabou por ser posto à margem, sem que os ministros o encarregassem de qualquer actividade.
Quando Marcelo Caetano foi chamado para ministro das Colónias, encontrou no ministério aquele inspector de remissa. Perguntou porquê. Que era um homem complicado e pouco honesto, diziam-se coisas... Mandou vir o processo do funcionário. Ao espírito rectilíneo do ministro repugnava a permanência de um funcionário a ganhar sem produzir. Ou era competente e trabalhava, ou não era e mandava-se embora.
Henrique Galvão passou a prestar serviço como inspector e, entretanto a União Nacional entendeu por bem apresentá-lo entre os candidatos a deputados que patrocinava.
Numa das suas inspecções em Angola deparou-se a Galvão um caso de negociata graúda em que eram lesados os interesses do Estado. Fez um longo relatório sobre o assunto e apresentou ao ministro, já então Teófilo Duarte, sucessor de Caetano. Teófilo era um homem honestíssimo, mas estava afundado em trabalho mais urgente. Pôs de lado, para ler depois, o volumoso processo apresentado pelo inspector. Este, impaciente com a demora, resolveu levar o caso à Assembleia Nacional. E então o ministro exasperou-se: viu naquele acto um delito de publicação de matéria confidencial do ministério por parte de funcionário responsável e, sobre a inconfidência de serviço, a incorrecção pessoal. Simplesmente o funcionário gozava das prerrogativas parlamentares. Teófilo encanzinou-se, e se não buliu em Galvão também não lhe perdoou.

Tempos volvidos, quando se preparava nova eleição para deputados, Salazar aconselhou a União Nacional a incluir entre os dos candidatos que patrocinava o nome de Henrique Galvão, cujas revelações na Assembleia foram para ele esclarecedoras. Galvão, porém, necessitava, como funcionário, da autorização prévia do ministro para se candidatar. E aqui Teófilo foi inexorável: negou a autorização.
Salazar insistiu. Chegou a encarregar o presidente da comissão executiva da U. N. de pedir a Teófilo que assinasse a autorização. Que era o próprio Doutor Salazar que lhe pedia... Teimosamente, o ministro manteve-se na sua. Salazar respeitou-o. Era de seu direito. Galvão não pôde candidatar-se e, passados tempos, estava a conspirar.
Pois é... Depois admiram-se que os ladroes continuem à solta!

Thursday, January 26, 2006

Mais um 'Post' mortífero do POLITICOPATA



E depois disto??? O Soares agora deve estar a usar uma loção equilibrante para a pele e já deve ter telefonado ao Sócrates, a dizer que daqui a 10 anos está disponível, mas que também precisa das muletas de volta!Alegre deve ter telefonado ao Sócrates a dizer: Nha, nha, nha, nha, nhammmm, nha....Jerónimo deve ter telefonado à Odete Santos, a dizer que já não precisava de sair nua de dentro de um bolo!Garcia Pereira deve ter telefonado para todos os seus votantes, para um minuto depois telefonar para a Comissão Nacional de Eleições a perguntar quando é que são as próximas...Cavaco deve ter telefonado a Sampaio a dizer, que antes de dia 9 de Março ainda lhe vai levar a Bélem, uma caixa de Klenex!O Louçã foi fumar uma ganza com alguns homosexuais, numa discoteca de pretos, para falar sobre o aborto!Bom e o Politicopata cá está, muita maluco como sempre a tentar abarbatar-se a algumas miudas da campanha do Cavacão de Boliqueime! Já lhes comprei Bolo-Rei e tudo!Bom de qualquer forma, há que dizer que .... que....que... finalmente pá! Estava difícil!

IN - EU SOU O POLITICOPATA

http://www.politicopata.blogspot.com

Tuesday, January 24, 2006

Poesia da Tia?...

Não... do tio.
É verdade. Eis o poema que o tio de Isento enviou a Isento, no dia das eleições...



O Menino do PS
No largo abandonado
Que o frio gélido arrefece
jaz triste e espantado
o Ratinho do PS

Raia-lhe a roseta as bochechas
procura em vão os hipocrates
deixa-te de ser lamechas
diz-lhe o desencatado do Socrates

tâo amado,quão amado era
e agora que já sem idade
p´ra aturar povo tão bera
como voltar á mocidade!

Minha filha faz-te ao D. Duarte
come-o com valentia
põe a Isabelinha de parte
E funda a nossa Dinastia

Calamos já o Cavaco
tratamos depois do Alegre
deixamo-los sem um pataco
voltarei a mandar em breve...


(E o Isento quase já nem se admirava)

Monday, January 23, 2006

Mesmo a propósito: Alguns elementos sobre o Bando de Argel



Natural de Águeda ou arredores, Manuel Alegre fez a sua vida académica em Coimbra. Descendente de uma classe “média-alta” fez a vida normal de estudante de Coimbra, um tanto boémia e, nesse sentido, um tanto tradicionalista. Cedo se virou para a política o que, no ambiente de Coimbra, também era tradicional. Militou na “organização local” do p.c.p. e estou à vontade para afirmá-lo porque fui eu próprio quem desmantelou essa organização. Dos seus elementos com alguma responsabilidade ficaram dois: Silva Marques, hoje deputado do P.S.D. que, embora fosse estagiário de advocacia em Aveiro, vivia já numa situação de semi-clandestinidade, e o Manuel Alegre. Mas ficaram por razões diferentes. O primeiro, Silva Marques, porque mergulhou na clandestinidade e viria depois a fixar-se na Itália, onde entrou em litígio com o “partido” do qual veio a ser expulso, após ter feito várias autocríticas que, de resto, conheci. Manuel Alegre também escapou mas porque estava a prestar serviço militar no R.I. 12 (Regimento de Infantaria nº12) situado precisamente em Coimbra e já mobilizado para Angola, como alferes miliciano. A PIDE foi sempre um pouco avessa à detenção de militares mas, neste caso, pesou mais o facto de estar mobilizado. É, pois, totalmente falsa a ideia de que desertou por ser perseguido pela PIDE que não o prendeu porque não quis fazê-lo. As razões íntimas que o levaram à deserção só ele poderia explicá-las se bem que se tornou evidente para quem alguma vez ouviu a “voz da liberdade” ao longo dos seus 12 anos de funcionamento. E não venha dizer que não traiu. Fê-lo ao longo de 12 anos, não só pelas declarações que prestou como também pelas que obrigou a prestar. Trata-se de matéria conhecida mas que abordarei um pouco à frente. Desertou e foi para Paris em 1962, estava a ser criada a FPLN (Frente patriótica de libertação nacional) que já se decidira iria funcionar em Argel, com o beneplácito do governo argelino e toda a sua protecção. Seria dirigida por Fernando Piteira Santos que fora funcionário do partido comunista português e expulso da organização uns dez (10) anos antes. Aliás, o governo argelino já autorizara também a instalação e funcionamento da rádio “voz da liberdade” da qual Manuel Alegre viria a ser o locutor até 25 de Abril de 1974. Assim, em meados de 1962, partiriam de Paris rumo a Argel Fernando Piteira Santos, sua companheira, Maria Stella Bicker Correia Ribeiro e Manuel Alegre. A FPLN cresceu rapidamente e tem que dizer-se que o seu principal indutor foi a rádio “voz da liberdade”. Tornou-se, assim, a breve trecho, num autêntico cóio de traidores, grande parte deles desertores do Exército Português e também, ex-prisioneiros que, libertados pelo inimigo, eram para ali encaminhados e lá permaneciam em cativeiro pelo menos até se disporem a revelar perante os microfones tudo o que sabiam e não só: tinham igualmente que recitar “ipsis verbis” o discurso que lhes punham à frente. Só depois disso é que teriam hipótese de sair da Argélia. Esta atitude, que em qualquer país civilizado consubstanciaria a figura jurídica de “cárcere privado” era praticada pela FPLN com a cumplicidade do senhor Manuel Alegre: só que no Portugal democrático ninguém fala disso. Não seria trair? E receber os chefes dos movimentos africanos que nos combatiam, ouvir e transmitir aí os seus dislates não seria trair? E fornecer-lhes as informações que desertores e ex-prisioneiros de guerra eram forçados a prestar não seria trair? Bom, se isto não era trair vamos a outro aspecto: - Enviar homens – elementos da FPLN – para Cuba a fim de serem instruídos na guerrilha urbana, também não era trair? E a FPLN (não só mas também) enviou para lá alguns que foram treinados numa base cujo nome não me recordo de momento mas sei que dista 17 quilómetros de Havana e foram treinados entre outros por Alvarez del Bayo, antigo coronel do Exército espanhol que se bateu contra Franco e foi um dos homens do DRIL ( Directório Revolucionário Ibérico de Libertação) que organizou o assalto ao Santa Maria. E também me lembro que esses homens (da FPLN) foram treinados no fabrico e uso de explosivos e, ainda, a fazer guerrilha urbana com armas que eles próprios tinham que fabricar. E que aprenderam, por exemplo, a fabricar morteiros partindo de um simples cano retirado de um algeroz. Isto era bem mais do que trair. E para que dúvidas não restem, cito dois nomes: Eduardo Cruzeiro que foi jornalista do “República”, está vivo e tem um “bom tacho” na RTP, e Rui Cabeçadas que é ou foi advogado. E digo “é ou foi “ porque calculo que teria a minha idade, talvez um pouco mais, e não sei se é vivo ou já morreu. Chega? Não, não chega que eu tenho mais. Sei que a vida na FPLN não era um “mar de rosas” para todos. Bem pelo contrário: as guerras entre essa organização e o p.c.p. era violentíssima. Chegou-se ao ponto de o p.c.p. ocupar a rádio pela força e a FPLN responder com um contra-golpe que consistiu em levantar os depósitos bancários do p.c.p., factos que obrigaram o governo argelino a intervir para pôr as coisas no lugar. E como nem o Dr. Pedro dos santos Soares, membro da cúpula do p.c.p. e adrede enviado para Argel conseguiu pacificar as hostes, este partido decidiu jogar a última cartada: nem mais nem menos do que Humberto Delgado. Estava no Brasil, sofria de doença grave e foi a Praga para se tratar. Foi aí que o p.c.p. o abordou e convenceu a ir para Argel. Foi-lhe dito que tudo o que se pretendia era unir a oposição e derrubar o “regime fascista” português. Ninguém se não ele poderia liderar essa união, preparar e comandar o golpe. Convencido do seu prestígio, acreditou e foi para a Argélia. Enganou-se, até porque nunca lhe passara pela cabeça que encontraria o que na realidade encontrou. Desconhecia que o p.c.p. jamais perdoaria a “traição” de Piteira Santos, que, embora marxista e reconhecido como tal, havia falado na PIDE. Mas havia outros problemas não menos graves: Humberto Delgado era um impulsivo e queria uma revolução imediata. O p.c.p., mais preparado politicamente, respondia que aprendera as lições da guerra civil de Espanha e da própria Guatemala. Era para eles evidente que “nenhuma revolução poderia triunfar sem que antes conseguisse o apoio das Forças Armadas”. Não embarcava em aventureirismos. Virou-se para a FPLN e a ela aderiu. Só que, logo que pôs o problema da revolução imediata, foi-lhe respondido que Lenine ensinava que “nenhuma revolução de massas poderia ser ganha sem que tivesse o apoio de uma parte do exército que houvesse servido o regime anterior”. Não percebera que uns e outros eram marxistas e sabiam que o comunismo não tinha a mínima hipótese de governar Portugal. O que interessava a todos era entregar a África Portuguesa à União Soviética. E isto significava para Delgado que “entre dois mundos ficara sem mundo”. Tentou, por sua vez, a última cartada: era amigo e um grande admirador de CHE GUEVARA que se transformara em mito de todos os revolucionários de todo o mundo. Pediu a sua ajuda e GUEVARA aceitou. Foi para Argel e por lá ficou uns tempos mas nada fez. Nem podia fazer: GUEVARA era agente do KGB soviético. E os interesses de Moscovo estavam muitíssimo à frente de Humberto Delgado, que ficou só. Sem dinheiro, sem saúde e sem apoios ameaçou entregar-se às Autoridades Portuguesas. Foi o seu fim. Não sei como nem em que circunstâncias. Tudo o que sei – e já o disse várias vezes – é que essa história continua mal contada. Quem sabe se o senhor Manuel Alegre não poderia levantar uma pontinha do véu?...
Abílio Augusto Pires (ex.PIDE-DGS)

Friday, January 20, 2006

Curiosidade



Cartaz nacional-socialista alemão de propaganda contra o tabaco - por trás da bota cardada a chutar o charuto e da águia que transporta a suástica, está a runa Algiz, símbolo da terra, da vida, e, por extensão, da saúde.

Este post não é de Isento, mas de Caturo. Isento publica-o pois acha-o curioso. Quem quiser ver a versão original terá de ir ao seu blog... ide pois...;

http://gladio.blogspot.com

Thursday, January 19, 2006

Estatísticas de Isento...

Como o Isento já previa, a resposta à ESTATÍSTICA SOBRE ELEIÇÕES foi... avassaladora!



Ide ver!

Monday, January 16, 2006

O Isento já é Iniciado...



Assinou hoje a Lista dos Raelianos...



... E voçê?






... Do que é que está à espera?!!!

Friday, January 13, 2006

A Questão PNR...



Como sabeis, o Isento já aqui disse mal deste bando de esquerdaças, meninos copos de leite e afins... Contudo, após ter lido a entrevista, há que admitir que... o PNR, para partido de centro-esquerda, até parece ser... relativamente... vá... imparcial; senão reparai:

http://www.pnr.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=82&Itemid=1

Thursday, January 12, 2006

Denoto neste senhor perigosos desvios de Esquerda



«Devo à Providência a graça de ser pobre; sem bens que valham, por muitopouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugaresrendosos, riquezas, sustentações.E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão decada dia, não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou emcomprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formarpartido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação eos limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas,diante de quem tantos se curvam no mundo de hoje, em subserviências que sãouma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, seme ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposiçãoda minha consciência de governante, não pelas ligações partidárias oucompromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, umhomem livre.Jamais empregarei o insulto ou a agressão de modo que homens dignos seconsiderassem impossibilitados de colaborar. No exame dos tristes períodosque nos antecederam, esforcei-me sempre por demonstrar como de pouco valiamas qualidades dos homens contra a força implacável dos erros que se viamobrigados a servir. E não é minha a culpa se, passados vinte anos de umaexperiência luminosa eles próprios continuam a apresentar-se comointeiramente responsáveis do anterior descalabro, visto teimarem emproclamar a bondade dos princípios e a sua correcta aplicação à NaçãoPortuguesa. Fui humano.Penso ter ganho, graças a um trabalho sério, os meus graus académicos e odireito a desempenhar as minhas funções universitárias. Obrigado a perder ocontacto com as ciências que cultivava, mas não com os métodos de trabalho,posso dizer que as reencontrei sob o ângulo da sua aplicação prática; efolheando menos os livros, esforcei-me em anos de estudo, de meditação, deacção intensa, por compreender melhor os homens e a vida. Pudeesclarecer-me.Não tenho ambições, não desejo subir mais alto e entendo que no momentooportuno deve outrem vir ocupar o meu lugar, para oferecer ao serviço daNação maior capacidade de trabalho, rasgar novos horizontes e experimentarnovas ideias ou métodos. Não posso envaidecer-me, pois que não realizei tudoo que desejava; mas realizei o suficiente para não poder dizer que falhei naminha missão. Não sinto por isso a amargura dos que merecida ouimerecidamente não viram coroados os seus esforços e maldizem dos homens eda sorte. Nem sequer me lembro de Ter recebido ofensas que em desagravo meinduzam a ser menos justo ou imparcial. Pelo contrário, neste país, onde tãoligeiramente se apreciam e depreciam os homens públicos, gozo do raroprivilégio do respeito geral.Pude servir. »
Salazar

Tuesday, January 10, 2006

Prémios ISENÇÃO!

Tendo em conta a gritante participação dos b_leitores pelas estatísticas publicadas neste Blog, o Isento resolveu premiar algumas personagens que têm contribuido para a construção de um mundo MAIS DEMOCRÁTICO.

Prémio Legislativas/36...

... And the winner is...



Quem mais poderia corresponder à louvável imparcialidade daqueles dextros alemães... Claro está que sem Von Pappen a história teria sido diferente. De qualquer das formas não deixemos de congratular este HINO À VONTADE DO POVO!!!

Monday, January 09, 2006

Reparai nas diferenças...



Placa - pobre, simples e infamemente escavacada. Letras pequenas e sóbrias, pouco preocupadas com o seu esplendor.

Enquadramento - limpo, coerente, nivelado, sem ousadias. Contudo belo, uma parede de louvar.



Placa - Supostamente nivelada com a parede, sugerindo uma suposta igualdade. Mas, como diz o Orwell, 'há sempre uns mais iguais que os outros'; daí as letras grandes, marcadas, ostensivas.

Enquadramento - Tendo em conta que toda a riqueza foi parar à placa, a parede está obviamente cheia de pequenas saliencias (subtis mas estao lá... péssimo gosto). Para além disso, sobressai ao olhar atento aquela mancha amarela, parecida com vómito de varejeira e a cheirar a pecado... Bahhh.

E assim termina mais uma retro-análise Isenta!... até amanha.

Friday, January 06, 2006

Frase do Ano...



Temo ser apenas um luxuriante Semi-Deus.

Castrol,
'eminete' arquitecto e membro da Grande Loja do Macho Lusitano

O Isento considera este 'apenas'... simplesmente brutal!

http://www.ocastrol.blogspot.com

Thursday, January 05, 2006

Isto sim, é ISENTO!

Depoimento de Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso
Após o 25 de Abril, houve a necessidade de criar um bode expiatório para o regime anterior. Esse bode expiatório foi a PIDE. Tinha que ser a PIDE. A GNR, por exemplo, não o podia ser. Era numerosa. O Exército também não, até porque foram alguns dos seus membros quem fizeram a revolução. Depois, nós tínhamos realizado com eficácia ofensivas contra aqueles que depois tomaram o poder. Fala-se muito em interrogatórios e torturas. Recordo algo que presenciei: muitas vezes, quando os comunistas eram chamados a prestar declarações, não tínhamos dificuldade nenhuma em que eles 'abrissem o livro'. Contavam a sua história ao pormenor e acabavam a comer os almoços que mandávamos vir da pastelaria Bénard, com lagosta e por vezes até uísque à vontade deles. Mas quando saíam diziam que tinham sido torturados e espancados, até para justificar o facto de terem falado. No dia 25 se Abril, se quisesse poderia ter fugido, bem assim como todos os outros elementos da Organização. E não o fizemos. Porquê? Tínhamos pelo General Spínola uma grande consideração. Fora um bravo comandante na Guiné e tínhamos a certeza de que aquilo que ele nos disse seria feito. O General Spínola garantira, nesse dia, ao meu director, Silva Pais, pelo telefone, para não nos preocuparmos pois ia haver apenas umas alterações nas cúpulas, ninguém nos ia maçar.
No dia 26 de Abril, a DGS foi ocupada. Disseram que nos iam retirar dali porque a população estava muito exaltada e tal e tal. Quando cheguei a Caxias, mandaram-se tirar os cordões dos sapatos. Nessa altura, apercebi-me de que a coisa não era bem como havia sido prometido. É que era para ficarmos duas noites no Forte de Caxias de onde sairíamos em liberdade...
Devo ainda dizer que tinha um isqueiro de ouro maciço, no meu gabinete. Fora-me oferecido pela população de Carmona. Andou por ali um aspirante qualquer. Ao aspirante e ao isqueiro nunca mais os vi. Deve haver uma ligação entre os dois objectos, como é natural.
Resisti ao golpe. Quando soube que uns velhos «Patton» da cavalaria 7 iam atacar a PIDE tomei a iniciativa de bloquear a rua. Tínhamos o direito de nos defendermos. Fui à Praça do Chiado e trouxe um eléctrico da Carris para bloquear a linha. Com outro parado no fim da Vítor Cordon e um camião do lixo a bloquear a Travessa dos Teatros os tanques não entraram. Aparece então uma companhia dos fuzileiros, com uma farda de combate esquisita. Deram-nos a entender que iam ocupar a DGS. Fui com o meu director. Silva Pais e com o Alpoim Calvão dizer-lhes para se irem embora que se nós quiséssemos mandávamos-lhes umas granadas e uns tiros e podiam aleijar-se. E Foram.
Como o Rádio Clube Português estava a desempenhar um papel fundamental no golpe, decidimos que seria bom calá-lo.
Aliás, por volta das onze da manhã desse dia 25, o Inspector-Adjunto Abílio Pires recebera um telefonema do major Begonha, a mando do general Viotti de Carvalho, chefe do Estado-Maior do Exército, inquirindo sobre a possibilidade da DGS "calar" o Rádio Clube Português: Pires pôs a questão ao comandante Alpoim Calvão, que se encontrava no seu gabinete, e começou logo a tratar do assunto, com a anuência do Director-Geral.
Obtiveram-se os meios logísticos necessários para irmos ao Porto Alto, onde estavam localizados aqueles emissores e estoirá-los. Pinheiro de Azevedo, comandante da Força de Fuzileiros pôs à disposição de Calvão o indispensável morteiro. Lá fomos até ao Arsenal, mas quando chegámos, o homem da chave desaparecera e não pudemos arrombar aquilo. Julgo que isto contribuiu bastante para a vitória daquilo.
À noite Azevedo apareceu ao lado de Spínola na Junta de Salvação Nacional.
Por altura do almoço, o major Silva Pais, recebeu um telefonema de António de Spínola. Nessa altura já havíamos tomado a decisão de resgatar Marcello Caetano do quartel do Carmo. Conduzi-lo-íamos para o Forte de S. Julião da Barra, em Oeiras, ou para Espanha onde poderia formar um Governo no exílio. Planeámos assim: Abílio Pires, acompanhado por Agostinho Tienza e Sílvio Mortágua, estacionariam na Rua do Carmo, em plena Baixa de Lisboa, junto ao elevador de Santa Justa. Eu entraria no quartel do Carmo por uma porta lateral. Discretamente, conduziria Marcello por uma outra porta lateral até ao tabuleiro superior do elevador. Alcançaríamos depois a Rua do Carmo e o carro que nos transportaria. O carro era um Mercedes. O segundo carro era um Fiat, propriedade do Abílio Pires, que, se necessário fosse, transportaria M. Caetano porque o Mercedes podia dar nas vistas. Ser-me-ia fácil porque conhecia bem o quartel, estivera aí como tenente da GNR, e era pouco conhecido, porque estivera muito tempo em África.
Por volta das quatro da tarde, já com o Largo do Carmo com alguma gente, lá fomos. Entrei, mas o Professor Marcello Caetano não quis sair. Disse-me que estava tudo tratado com o general Spínola. E que fôssemos às nossas vidas.
O 25 de Abril foi um golpe com a conivência de Marcelo Caetano.
Penso que Portugal vai desaparecer.
Oscar Cardoso
Ex: PIDE-DGS

Wednesday, January 04, 2006

O aluno... é um bom aluno...

"Senhor Professor,

Sou obrigado a escrever-lhe, nesta data, depois de ter escutado, com toda a atenção, a aula de História, que nos deu sobre a Revolução de Abril de 1974. Li todos os apontamentos que tirei na aula e os textos de apoio que me entregou para me preparar para o teste, que o Senhor Professor irá apresentar-nos, na próxima semana, sobre a Revolução dos Cravos.

Disse o Senhor Professor que a Revolução derrubou a ditadura salazarista e veio a permitir o final da Guerra Colonial, com a conquista da Liberdade do Povo Português o dos Povos dos territórios que nós dominávamos e que constituiam o nosso Império. Afirmou ainda que passámos a viver em Democracia e que iniciámos uma
nova política de Desenvolvimento, baseada na economia de mercado. Informou-nos também que a Censura sobre os orgãos de Comunicação Social terminara e que a PIDE/DGS, a Polícia Política do Estado Fascista acabara, dando a possibilidade aos Portugueses de terem liberdade de expressão, opinião e pensamento. Hoje, todos eles podem exprimir as suas opiniões nos jornais, rádio, televisão, cinema e teatro, sem receio de serem presos. Disse igualmente que Portugal era um país isolado no contexto
internacional e que agora fazemos parte da União Europeia e temos grande prestígio
no mundo. Que somos dos poucos países da União a cumprir, na íntegra, os cinco critérios de convergência nominal do Tratado de Maastricht para fazermos parte do pelotão da frente com vista ao Euro. Li os textos de apoio do Professor Fernando Rosas, onde me informam que os Capitães de Abril são considerados heróis nacionais, como nunca houvera antes na nossa história, e que eles são os responsáveis por toda a modernidade do nosso país, pois se não tivesse acontecido a memorável Revolução, estaríamos na cauda da Europa e viveríamos em grande atraso, em relação aos outros países, e num total obscurantismo.

Tinha já tudo bem compreendido e decorado, quando pedi ao meu pai que lesse os apontamentos e os textos para me fazer perguntas sobre a tal Revolução,com vista à minha preparação para o teste, pois eu não assisti ao acontecimento histórico, por não ter ainda nascido, uma vez que, como sabe, tenho apenas dezasseis anos de idade. Com o pedido que fiz ao meu pai, começaram os meus problemas pois ele ficou horrorizado com o que o Senhor Professor me ensinou e chamou-lhe até mentiroso porque conseguira falsificar a História de portugal. Ele disse-me que assistira à Revolução dos Cravos dos Capitães de Abril e que vira com «os olhos que a terra há-de comer» o que acontecera e as suas consequências. Disse-me que os Capitães foram os maiores traidores que a nossa História conhecera, porque entregaram aos comunistas todo o nosso império, enganando os Portugueses e os naturais dos territórios, que nos pertenciam por direito histórico. Que a Guerra no Ultramar envolvera toda a sua geração e que nela sobressaíra a valentia dum povo em armas, a defender a herança dos nossos maiores. Que já não existia ditadura salazarista, porque Salazar já tinha morrido na altura e que vigorava a Primavera Marcelista que, paulatinamente, estava a colocar Portugal na vanguarda da Europa. Que hoje o nosso país, conjuntamente com a Grécia, são os países mais atrasados da Comunidade Europeia. Que Portugal já disfrutava de muitas liberdades ao tempo do Professor Marcelo Caetano, que caminhávamos para a Democracia sem sobressaltos,que os jovens, como eu, tinham empregos assegurados, quando terminavam os estudos, que não se drogavam, que não frequentavam antros de deboche a que chamam discotecas, nem viviam na promiscuidade sexual, que hoje lhes embotam os sentidos.
Disse-me também que ele sabia o que era Deus, a Pátria e a Família e
que eu sou um ignorante nessas matérias. Aliás, eu nem sabia que a minha Pátria era Portugal, pois o Senhor Professor ensinou-me que a minha Pátria era a Europa.
O meu pai disse-me que os governantes de outrora não eram corruptos e que após o 25 de Abril nunca se viu tanta corrupção como actualmente. Também me disse que a criminalidade aumentara assustadoramente em Portugal e que já há verdadeiras máfias a operar, vivendo à custa da miséria dos jovens drogados e da prostituição, resultado do abandono dos filhos de pais divorciados e dum lamentável atraso cultural, em virtude de um Sistema Educativo, que é a nossa maior vergonha, desde há mais vinte anos.

Eu fiquei de boca aberta, quando o meu pai me disse que a Censura continuava na ordem do dia, porque ele manda artigos para alguns jornais e não são publicados, visto que ele diz as verdades, que são escamoteadas ao Povo Português, e isso não interessa a certos orgãos eq Comunicação Social ao serviço de interesses obscuros. O meu pai diz que o nosso país é hoje uma colónia de Bruxelas, que nos dá esmolas para nós conseguirmos sobreviver, pois os tais Capitães de Abril reduziram Portugal a uma «pobreza franciscana» e que o nosso país já não nos pertence e que perdemos a nossa independência.
Perguntei-lhe se ele já ouvira falar de Mário Soares, Almeida Santos, Rosa Coutinho, Melo Antunes, Álvaro Cunhal, Vítor Alves, Vítor Crespo, Lemos Pires, Vasco Lourenço, Vasco Gonçalves, Costa Gomes, Pezarat Correia... Não pude acrescentar mais nomes, que fixara com enorme sacrifício e trabalho de memória, porque o meu pai começou a vomitar só de me ouvir pronunciar estes nomes.
Quando se sentiu melhor, disse-me que nunca mais lhe falasse em tais «sacanas de gajos», mas que decorasse antes os nomes de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Diogo Cão, D. João II, D. Manuel I, Bartolomeu Dias, Afonso de Alburquerque, D. João de Castro, Camões, Norton de Matos, porque os outros não eram dignos de ser Portugueses, mas estes eram as grandes e respeitáveis figuras da nossa História. Naturalmente que fiquei admirado, porque o Senhor Professor nunca me falara nestas personagens tão importantes e apenas me citara os nomes que constam dos textos do Professor Fernado Rosas.

Senhor Professor, dada a circunstância do meu pai ter visto, ouvido, sentido e lido a Revolução de Abril, estou completamente baralhado, com o que o Senhor me ensinou e com a leitura dos textos de apoio. Eu julgo que o meu pai é que tem razão e, por isso, no próximo teste, vou seguir os conselhos dele.
Não foi o Senhor Professor que disse que a Revolução nos deu a liberdade de opinião? Certamente terei uma nota negativa, mas o meu pai nunca me mentiu e eu continuo a acreditar nele.

Como ele, também eu vou pôr uma gravata preta no dia 25 de abril, em
sinal de luto pelos milhares de mortos havidos no nosso Império, provocados pela Revolução dos Cravos.

Com os meus respeitosos cumprimentos

O Aluno"


... ISENTUS ISENTISSIMUS:
20 em IMPARCIALIDADE!
Agora levai com o...

... Carimbo!

Monday, January 02, 2006

Ora aqui está um belo pensamento...




... dois em cada esquina e três em cada recta...

Track referers to your site with referer.org free referrer feed.